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FÓRUM 3: DRAMATURGIA, GÊNERO E SEXUALIDADE
Mediação: Laureny Lourenço e Gustavo Moreira
Data e hora: 10 de novembro, sexta-feira, das 14h às 16h
Local: Auditório A104 - CAD2
O objetivo do fórum Dramaturgia, gênero e sexualidade é estimular o debate de textos teatrais que enunciam a necessidade da luta pela diversidade tanto de gênero como de práticas sexuais e afetivas, colocando em pauta a teoria queer, campo da crítica que, também no teatro, aponta o caráter artificial, de constructo social, das orientações sexuais e identidades de gênero. Não se trata meramente de utilizar dramaturgias como pretexto para se discutir gênero e sexualidade, mas de observar que o conteúdo inclusive determina a forma estética nos textos de teatro: a cultura da fechação (ou camp), por exemplo, pode ser pensada como recurso de distanciamento ao estilo de Brecht, pois é por meio de expedientes como o exagero e a repetição que se explicitam as mediações sociais nas prescrições machistas e heteronormativas.
Em meio às novas tendências sobre os estudos de gênero, podemos pensar a representação identitária da mulher na dramaturgia através do conceito de grotesco feminino desenvolvido, principalmente, por Mary Russo[1] em contraponto com Bakhtin[2] e, também, as teorias sobre a performance de gênero propostas por Judith Butler[3] como um referencial teórico para o questionamento dos conceitos e dos padrões de conduta considerados aceitáveis na sociedade contemporânea.
No que diz respeito a exemplos de obras do campo da discussão da sexualidade, as referências podem ser os estudos psicanalíticos sobre homoerotismo, de Jurandir Freire Costa[4]. Baseados na noção de homossociabilidade, de Eve Kosofsky Sedgwick[5], esses estudos têm servido de base para análises de dramaturgias mesmo quando a relação afetivo-sexual entre pessoas do mesmo sexo não se coloca de maneira explícita nas peças. Além disso, bases históricas costumam ser encontradas em Foucault[6] e João Silvério Trevisan[7].
[1] RUSSO, Mary. O Grotesco Feminino: risco, excesso e modernidade. Rio de Janeiro: Rocco, 2000.
[2] BAHKTIN, Mikhail. A cultura popular na Idade Média e no Renascimento: o contexto de François Rabelais. São Paulo: Hucitec, 2010 [1965].
[3] BUTLER, Judith. Problemas de Gênero: Feminismo e subversão da identidade. Tradução Renato Aguiar. 3. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2010.
[4] COSTA, Jurandir Freire. A inocência e o vício: estudos sobre o homoerotismo. Rio de Janeiro: Relume-Dumará, 1992.
[5] SEDGWICK, Eve Kosofsky. Epistemology of the closet. Berkeley: University of California Press, 1990.
[6] FOUCAULT, Michel. História da sexualidade I: a vontade de saber. Trad. Maria Thereza da Costa Albuquerque e J. A. Guilhon Albuquerque. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1988.
[7] TREVISAN, João Silvério. Devassos no paraíso: a homossexualidade no Brasil, da colônia à atualidade. Rio de Janeiro: Record, 2007.